Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
Deeply Disturbed
Intrinsecamente...
7/28/2012
O Meu Mundo
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!
Florbela Espanca
...
Deixai entrar a Morte, a Iluminada,
A que vem para mim, pra me levar.
Abri todas as portas par em par
Com asas a bater em revoada.
Que sou eu neste mundo? A deserdada,
A que prendeu nas mãos todo o luar,
A vida inteira, o sonho, a terra, o mar
E que, ao abri-las, não encontrou nada!
Ò Mãe! Ó minha Mãe, pra que nasceste?
Entre agonias e em dores tamanhas
Pra que foi, dizei lá, que me trouxeste
Dentro de ti?... Pra que eu tivesse sido
Somente o fruto amargo das entranhas
Dum lírio que em má hora foi nascido!..
Florbela Espanca
Florbela Espanca
5/18/2012
5/16/2012
"Há coisas que queremos de uma forma tão excessiva
que é preferível não as termos do que as perdermos um dia,
Não quis ouvir mas alguém dizia para não sonhar demasiado alto
ou eu caía a pique lá de cima...
Sonhava com mais força sempre que isso acontecia,
se fosse para cair caía do mais alto que eu podia."
3/28/2012
Dor
Tudo o que pensava ser dor não o foi, agora sinto-te presa a mim nestes dias infindáveis de angústia e desespero, anseio todo o dia que algo mude, que haja um sinal, que voltes, que me tires este desprazer, que me devolvas a fome e a sede de viver, de te ter... Nunca pensei que fosses tão forte em mim, que me pudesses provocar tudo o que sinto. As horas sem fim não prometem acabar tão cedo, e eu desespero, sofro, sinto dor, dor do medo de não te ter, de nunca mais te ter, de não ter aproveitado o que tive! E agora? Ajuda-me vida a viver, a serenar toda esta inquietude. A gota de saudade que cai quando penso em ti não me vai abandonar,e penso a toda a hora, a todo o mais ínfimo segundo o quanto seria bom dizer-te o que sinto, dizer-te olá, ter-te, como tinha, mesmo distante, eras minha.
Para mim nunca foi um jogo, foi apenas um retrato, onde ficavamos bem os dois, onde as dúvidas são para depois, gosto mesmo de ti, mas tu nunca estás aqui...
2/27/2011
12/30/2010
Saudades
Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca
11/30/2010
Lágrimas Ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
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